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O QUE DEUS TEM A VER COM A MINHA SEGUNDA-FEIRA?

Grande parte dos cristãos acredita que certas áreas da vida não cabem na caixinha do “espiritual”.


Mais de 90% dos cristãos nunca ouviram uma mensagem a respeito de princípios bíblicos aplicados à sua vida profissional”. Doug Sherman


Recentemente, ao terminar uma palestra em uma igreja sobre Fé e Trabalho, na qual procurei demonstrar que nossa carreira profissional tem tudo a ver com Deus, tive uma rápida conversa com uma jovem muito talentosa, que estava terminando seu Mestrado na ESALQ, em Piracicaba. Ela me disse duas coisas muito intrigantes, que nunca esqueci.


A primeira: “Você tem razão. Eu não tinha ainda percebido que meu trabalho é minha vocação e que, por isso, posso glorificar a Deus dentro da minha profissão. Obrigado por me lembrar disso.”


A segunda: “Mas se Deus tem tudo a ver com a nossa carreira, por que a igreja nunca fala disso?” WOW! Essa é uma pergunta que merece ser respondida.

Por que não falamos sobre isso no ambiente da igreja? Quais são as consequências dessa omissão? Será que a Bíblia tem alguma coisa a dizer sobre o assunto?


Quero sugerir algumas razões que explicam essa situação.


1. Uma visão míope do trabalho como missão

Conheço muitas igrejas e pastores que falam a respeito do ministério cristão NO trabalho: ser um funcionário exemplar, um patrão justo, ser honesto, trabalhar duro e com excelência, ser uma referência moral no mundo dos negócios ou no emprego e assim por diante. Tudo isso é perfeitamente correto de se exigir de alguém que afirma temer a Deus. A Bíblia é clara quando exige dos filhos de Deus uma postura assim.


Mas muito poucos falam sobre o ministério cristão DO trabalho. O chamado Mandato Cultural, que é a ideia de que Deus comissionou o ser humano para produzir bens e serviços para o benefício do próximo, enquanto se preservam os recursos naturais. Isso quer dizer que o trabalho é uma vocação divina. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, trabalho e carreira são assuntos totalmente espirituais. Pensar assim deveria mudar completamente nossa forma de encarar a carreira profissional, desde a escolha da universidade que vamos cursar até as decisões sobre onde e como vamos trabalhar.


2. Uma visão míope da Redenção.

Já ouvi pastores dizendo que a Bíblia não foi escrita para falar sobre liderança nem sobre carreira. Ela existe para nos mostrar o caminho da salvação e essa seria (nessa visão) a única coisa que devemos buscar nas Escrituras. Há um erro fundamental nessa fala. É fato que a Bíblia como a Palavra de Deus tem por objetivo principal falar sobre a Redenção em Cristo Jesus. Os propósitos de Deus para nós são transcendentes, vão muito além dos limites dessa vida natural e terrena. Se uma pessoa for bem-sucedida em todas as áreas mas não tiver sua vida transformada pela Graça de Deus, não receber o perdão dos seus pecados e a vida eterna, seu sucesso não valerá de nada. Sua eternidade estará irremediavelmente comprometida. Jesus ensinou que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder sua alma. Estamos 100% de acordo com esse aspecto.


Por outro lado, a Redenção não diz respeito somente à eternidade. Não somos salvos somente para o futuro. Muito pelo contrário. Redenção é o processo pelo qual Deus restaura todas as coisas ao Seu propósito original. Isso tem, literalmente, a ver com absolutamente tudo o que diz respeito à nossa vida, o que inclui, sem nenhuma dúvida, nosso trabalho. (Outro dia a gente conversa sobre essa história de “trabalho secular”, um conceito totalmente alheio às Escrituras...). Quando cremos em Jesus, nosso passado é perdoado, nosso futuro é garantido. E tudo isso afeta fundamentalmente aquilo que fazemos no presente.


E, é claro, a Bíblia tem muito, mas muito mesmo, a nos dizer sobre tudo isso.


3. A crença no mito da “vida material” e “vida espiritual”

Grande parte dos cristãos ainda acredita que certas áreas de sua vida não cabem na caixinha do “espiritual”. Nesse departamento estariam questões que tem a ver com Deus: igreja, oração, estudo bíblico, comunhão, discipulado. Quando muito, ofertas, dízimos e família. As outras áreas da vida seriam de cunho material e, portanto, não teriam relação com a espiritualidade cristã. Dinheiro, trabalho, uso do tempo, negócios, planejamento de carreira, são assuntos “materiais”.


Acontece que o Autor da vida não pensa assim e nunca disse que temos autorização para fazer essa separação. Mas nós a fizemos e acreditamos nela. Mesmo sem assumir isso abertamente. Faça uma análise: no último ano em sua igreja, quantos sermões ou aulas você teve que falaram sobre os tais assuntos “espirituais” e quantos falaram dos assuntos “materiais”? A frase de Doug Sherman no início deste texto é significativa. Quase não falamos nesses assuntos ou falamos proporcionalmente muito menos do que os outros. Por que? Porque não conseguimos ver como a verdadeira espiritualidade trata tudo como uma coisa só, não como entes separados.


Como consequência disso, vamos perpetuando nas gerações seguintes um tipo de cristianismo desconexo, que acha que só se serve a Deus na igreja, no culto ou em missões em outro país. Quantas vezes ouvimos pessoas sinceras dizendo: “Quando me aposentar, vou ter muito mais tempo para servir a Deus”? Elas estão verbalizando aquilo que foi interiorizado ao longo de décadas. Nunca foram capazes (porque nunca foram ensinadas) a atribuir valor espiritual ao seu trabalho profissional. Sentem-se inferiorizadas em relação aos “ministros e vocacionados” do Reino, que dedicaram suas vidas e seu tempo exclusivamente ao Evangelho, enquanto eles, materialistas e seculares, vivem 8 a 10 horas por dia em suas empresas e negócios.


Talvez seja libertador para você saber (como foi para a estudante que falou comigo aquele dia) que seu trabalho é sua missão e que você serve a Deus tanto na igreja quanto na empresa. Deus tem tanto a ver com a sua segunda-feira quanto tem a ver com o seu domingo.


A Bíblia tem muito a dizer sobre nossa missão no trabalho e nossa missão do trabalho. Nossa missão é ajudar você e seu filho a entender isso e aplicar princípios que pautem suas escolhas profissionais, levando-o ao verdadeiro sucesso na vida: o sucesso de servir a Deus enquanto serve ao próximo.

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